sábado, 12 de janeiro de 2013

O dia em que voltei a beber (Boêmio sem angústia)


Percebi que o Sol nascera,
enfim chegara a manhã.
Alguém tinha escancarado a cortina
de tal forma que a claridade
pode tomar meu corpo inteiro.
Ainda bem tonto,
estranhei aquele colchão
em que eu tinha dormido.
Não entendi.
Dormi e acordei
com os sapatos nos pés;
na camisa
apenas dois botões abotoados;
do meu lado
nenhuma balzaquiana.
Meus cabelos em meio aquele despenteio
só deixavam-me mais confuso.
De repente,
apareceram algumas imagens
em minha cabeça,
que tentava se recuperar sem sucesso:
a radiola cantando "Silêncio de um cipestre"
- Que lindo!;
O brilho da Lua;
alguns números embaralhados em um papel azul;
uma garrafa de aguardente e, por fim,
eu deitando-me na rua.
Minha nega estava séria.
Por que eu estava tonto, ou
pelos meus passos vacilantes?
Quando retomo parte da consciência,
vergonha.
o Sol perdeu o brilho,
e eu sinto pena d'Aurora,
que possui grande inocência.
Porém, nada que afete minha fluência.
Enquanto isso,
eu procuro ter
amigos como os ladrilhos.

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