sábado, 12 de janeiro de 2013

O dia em que parei de beber (Angústia de um Boêmio)


Uma sensação
começava a desfalecer-me.
Logo pela manhã,
um despertar acoimador.
Só de pensar
que não verei o garçom,
a malandragem, o futebol;
E a causa...
um simples pedido
de minha balzaquiana.
Ao invés do boteco,
minha cama;
Ao invés do Manoel,
minha dama;
Ao invés de escutar:
"Outro dia eu pago."
Eu ouço ela dizendo
que me ama.
O dia passando devagar,
e como foi devagar este dia.
Só poderei saber
o resultado do bicho amanhã.
Será tristeza ou alegria?
Ah! o dia em que
parei de beber...
Bateu-me uma saudade de ouvir
aquele disco do Cartola
que sempre ouço no botequim
numa velha e boa radiola
e que até a conta pendurada
faz-nos esquecer.
Enfim, a noite caiu.
João sempre dizia:
"À noite a cidade é mais bonita...".
Oh! A ansiedade
que invade-me.
Só de pensar que amanhã
voltará tudo ao normal...
Felicidade!

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